Dom Manoel ordena primeiros diáconos permanentes para a Diocese de Registro
Por: Rubens da Cruz
Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, Bispo Diocesano de Registro, presidiu a ordenação de seis diáconos permanentes para a Diocese, no domingo, 14. A liturgia, celebrada na Catedral São Francisco Xavier, marca a instituição do diaconado permanente na Igreja em Registro, uma vez que este é o primeiro grupo de homens casados a receber o sacramento. O diaconado é o primeiro grau do sacramento da Ordem – seguido do presbiterado (padres) e do episcopado (bispos). Receberam este ministério os candidatos Anízio Silva de Freitas Firmino, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Registro; Edilson Lara Elias, da Paróquia Santo Antônio, em Cajati; Edivaldo Saturnino dos Santos, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Jacupiranga, José Orlando de Oliveira, da Paróquia Santo Antônio, em Cajati, José Temístocles Neves Machado, da Paróquia Santuário Nossa Senhora da Guia, em Eldorado e Paulo Thomas de Jesus Hirakawa, da Paróquia São João Batista, em Sete Barras. Na homilia, Dom Manoel afirmou que essa era ocasião de dar graças a Deus uma vez que “a nossa Igreja de Registro estará mais completa, porque agora viveremos um ministério que ainda não vivíamos, mas agora, através do compromisso e da vida de vocês, começaremos a realizar e viver”. E continuando, enfatizou que “a ordem do diaconado os chama a serem sinal de serviço para todo povo de Deus. Aqueles que olharem para vocês deverão reconhecer a necessidade de estar a serviço da vida da Igreja, não por aquilo que vocês vão falar, mas por aquilo que vão viver!”
Homens de Qualidades
O serviço dos diáconos é documentado desde os tempos apostólicos, como relata o livro dos Atos dos Apóstolos (6,1-6) sobre a instituição dos sete homens encarregados do serviço à Palavra, às mesas e aos necessitados. Comentando a passagem, escolhida para ser a segunda leitura da Missa, Dom Manoel comentou as três qualidades dos diáconos escolhidos pela Igreja: boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria. “‘Homens de boa reputação’, diz o texto. Isso quer dizer, aqueles de quem os homens falam somente coisas boas. Os homens eleitos para o diaconado devem ser homens que gozam de boa reputação, no consenso popular. Vocês foram indicados por nossos padres, acompanhados durante dois anos, após concluir o curso de Teologia e nesse tempo, todos nós olhamos muito para vocês, para o jeito de vocês viverem, que vocês continuem tendo boa reputação e servindo de exemplo para a vida do nosso povo”, exortou Dom Manoel. Ainda comentando a passagem, o Bispo de Registro recordou que “esses homens eram cheios do Espírito Santo. Estar cheio do Espírito Santo é estar completamente entregue à sua direção. Significa sinceridade absoluta, dedicação de corpo e alma, isso constitui o chamado a uma dedicação total para uma renúncia completa do próprio eu e de tudo ante a presença de Deus”. E asseverou: “egoísmo e diaconado não combinam, porque vocês são servidores! Estejam atentos ao que Deus quer. Não sejam egoístas, mas obedientes ao chamado de Deus para a vida de vocês”. Por fim, ainda enfatizou o significado da sabedoria para os diáconos eleitos: “Este vocábulo, encontrado no Novo Testamento, significa aquele que se deixa dirigir pelo Espírito Santo. Aqui, sabedoria não significa que o diácono deve ser um homem letrado. Na verdade, os homens somente fazem boas escolhas, quando se entregam para serem dirigidos por Deus. Vocês são sinais dessa sabedoria!”.
Homens Servidores
Recordando, ainda, os textos propostos para a celebração, o Bispo salientou que os diáconos, de modo particular, são chamados a estarem atentos àqueles que mais necessitam da misericórdia de Deus: “O serviço era de natureza material. Os diáconos foram escolhidos para servir a mesa, o cuidado dos pobres e necessitados, mas com um profundo sentido e objetivo espiritual”. Em seguida, Dom Manoel chamou a atenção para as funções próprias do diaconado, descritas no ritual de ordenação. “Pertence-lhes formar e exortar na Doutrina Sagrada os crentes e não crentes, presidir as orações, celebrar o Batismo, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, levar o viático aos moribundos e aos doentes, presidir os ritos de exéquias”, disse. “Sejam ministros da Esperança! Sejam ministros que ajudem o povo a renovar a fé, a alegria de viver a vocação, a alegria de viver a vida cristã e a vida católica”, acrescentou. “No Documento de Aparecida”, lembrou, “o diácono é Discípulo-Missionário de Jesus Cristo Servidor. Por isso, aqueles que olharem para vocês, devem reconhecer que nossa Igreja deve ser serva, esse é o testemunho de vocês. Vocês não foram escolhidos porque a Igreja precisa de mais gente! Todos já fazem trabalhos nas comunidades, continuarão fazendo os mesmos trabalhos, talvez com uma responsabilidade maior, mas porque o sinal de vocês é importante! Vocês serão sinal de uma Igreja serva, de uma Igreja servidora, de uma Igreja que se coloca da maneira mais simples para ajudar os nossos irmãos e irmãs a fazer a experiência de Deus”, disse.
Homens da Oração
“Vocês terão a missão de servir ao altar. Pela imposição das mãos do Bispo, o Sucessor dos Apóstolos, deverão se colocar, com muita humildade, no serviço que lhes foi proposto”, recordou o Bispo, acrescentando, “aproveitem da proximidade com o altar. A proximidade do Sagrado, para crescerem na fé e no serviço de oração. Só na oração, vocês se reconhecerão chamados, vocês serão perseverantes, darão frutos em suas missões. Dom Manoel concluiu, exortando: “rezem, continuem rezando, na medida do possível, rezem a Liturgia das Horas, se possível, rezem com as esposas, rezem em família. A sua casa deve ser o lugar privilegiado de uma igreja doméstica, de uma igreja familiar”.
Homens Casados
Lembrando que os seis novos diáconos da Diocese são homens com famílias constituídas, o Bispo de Registro, concluiu sua homilia dirigindo uma palavra de agradecimento às famílias, de maneira muito particular, às esposas: “vocês são casadas e formaram pelo matrimônio um só corpo, por isso, o diaconado é de vocês também. As esposas são também “diáconas”, se assim podemos dizer, acompanhando o serviço e a missão de seus maridos”, concluiu.
Palavras de Agradecimento
“Agradecemos ao nosso pastor Dom Manoel, pela sua inspiração profética e determinante, pois, agiu com sabedoria, para dar ao clero diocesano novos servidores, comprometidos com a construção do Reino de Deus, assim como ocorreu nos primórdios da Igreja”, disse o Diácono Edilson Lara Elias, representando os neo-diáconos permanentes. Comentando sobre a missão que os novos diáconos assumem a partir da ordenação, o Diácono Edilson, afirmou “ainda não dimensionamos o tamanho da responsabilidade que nos é confiado através do ingresso no primeiro grau da Ordem, mas, como simples servidores, queremos e desejamos, pela força do Espírito Santo, servir com alegria, com ousadia e, como nos orienta o Papa Francisco, queremos ser operários de uma Igreja em saída , de portas abertas e identificada com a realidade daqueles que mais necessitam, sendo condutores da Palavra, da Eucaristia, da Caridade e, acima de tudo, da Esperança advinda pelo Cristo Ressuscitado”. E pediu: “contamos com as orações de todo povo de Deus, para que possamos contribuir cada vez mais com o Reino de Deus, nesta Diocese, em nossas comunidades e em qualquer lugar, servindo e evangelizando”.
O Diaconado Permanente
Muito provavelmente, ao surgir no início do cristianismo, o diaconado era permanente. Floresceu na Igreja do Ocidente até o século V. Depois, por várias razões, acabou por permanecer como etapa intermediária para os candidatos à ordenação sacerdotal, na modalidade “transitória”. O Concílio Vaticano II (1962-1965) estabeleceu que o diaconato pudesse ser restaurado como grau próprio e permanente da hierarquia e conferido a homens de idade madura, também casados. Em 1967, o Papa Paulo VI estabeleceu as regras gerais para a restauração do diaconato permanente por meio da carta apostólica Sacrum diaconatus ordinem.
Na Diocese de Registro, a inspiração para instalar o diaconado permanente surgiu do desejo de Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, que, sendo filho de um diácono permanente, reconhece o valoroso serviço que estes homens podem prestar à Igreja. Após consultar o clero e os fiéis, o Bispo escolheu entre as indicações homens com mais de 35 anos, casados na Igreja, formados em Teologia pela Escola Diocesana, para receber formação na Escola Diaconal e serem ordenados.