Vocação e Profissão
Por: Pe. Luiz Rodrigues Batista, C.Ss.R.
O mês de agosto dizemos que é vocacional. Há anos, aqui no Brasil, refletimos sobre o tema das vocações na Igreja e no mundo. Somos convidados a compreender a nossa vocação fundamental: somos chamados à vida. Entendemos a nossa vocação de maneira mais específica, assim, o tema vocacional, a começar pelo dia do padre, é sucedido pelo
dia dos pais, o dia dos religiosos e o dia dos leigos.
O mais importante é entender que somos chamados a realizar uma missão, de forma que podemos nos realizar como pessoas na família, na comunidade ou na sociedade. Tanto na comunidade cristã, quanto na sociedade, cada pessoa é incluída e contemplada. Resta-nos descobrir a nossa vocação e aptidão em vista da tão buscada realização pessoal.
Assim, podemos afirmar que cada uma das vocações é importante. As vocações específicas: clero, religioso/a, leigo/a, são meios para a nossa realização pessoal. Não podemos achar que há uma vocação mais bonita, mais santa, mais perfeita do que outra.
Todas são importantes para a comunidade e a sociedade. Todas podem conduzir as pessoas à realização. Todas têm sentido quando está presente a dimensão do serviço à comunidade e à sociedade.
Junto à dimensão vocacional há a dimensão profissional. Poderíamos elencar inúmeras profissões que expressam uma inclinação peculiar. Afirmamos muitas vezes que alguém nasceu para exercer aquela profissão, pela habilidade e esmero com que realiza aquela atividade. Entendemos, portanto, a vocação como um dom, uma aptidão específica e a pessoa desempenha com propriedade.
Às vezes, presenciamos situações em que se enaltecem a vocação ao clero e à vida religiosa, em detrimento à vocação leiga. Mas, é necessário compreender que, seja qual for a vocação, temos de nos preparar adequadamente. Quem sente-se chamado ou inclinado à vida clerical, à vida religiosa; ou quem escolhe a vida matrimonial; ou quem opta pela vida sem se casar, todos têm de encontrar sentido na opção que faz.
A vocação clerical e religiosa, quando é valorizada mais do que a vocação leiga, é porque entram em ação os diferentes modelos de Igreja, os valores religiosos e espirituais. Há risco de achar que o estado clerical e religioso é mais importante do que o estado leigo.
Fundamentalmente, não, pois todas as vocações são necessárias e não podem estar associadas ao prestígio e ao poder. Cada uma das vocações e dos estados de vida tem sua razão de ser. As condições dos leigos não impedem de viver os valores religiosos e espirituais. Cada estado de vida tem a sua especificidade e riqueza.
A vocação ou profissão exige atitudes semelhantes de abertura, de empenho e de aprimoramento. Um médico, por exemplo, precisa de preparação específica. Não dá para improvisar. É evidente que há ofícios cuja preparação exige menos tempo do que outros.
Mas, a vida apresenta o desafio principal, que é sairmos de nós mesmos, vencermos as barreiras do egoísmo e nos colocarmos a serviço das pessoas, sobretudo as que mais precisam dos nossos préstimos. A realização vocacional vai depender da generosidade com que vivemos a nossa escolha ou aptidão pessoal.