Igreja Missionária: “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”.

Igreja Missionária: “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”.

O Mês Missionário de 2024, celebrado em outubro, traz o tema inspirador: “Com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”. Este tema nos chama a refletir sobre o papel central do Espírito Santo na vida missionária da Igreja e a nossa vocação de ser testemunhas vivas do Evangelho de Cristo no mundo.O Espírito Santo age em nós de muitas maneiras, entre elas, nos guia, nos anima em missão, dá sentido a nossa vida e nos leva para o caminho da santidade. Ele torna autêntica a nossa vida missionária. É o Espírito Santo que motivava Jesus no seu caminho missionário e o iluminava para ensinar a nós a boa nova do Reino. É nossa missão, ser testemunha desta boa nova, sendo boa notícia para todos os que estão em nossa volta.
Ensina-nos o Documento Lumen Gentium (LG) que a missão da Igreja é ser o lugar, o espaço, a comunidade onde a humanidade pode encontrar Deus em Jesus Cristo e ser santificada no seu Espírito Santo. Por isso, a Igreja, preparada pelo Pai, fundada pelo Filho e continuamente santificada pelo Espírito, é semente do Reino de Deus que nela já atua misteriosamente. É nela que se experimenta, de modo mais intenso, o Reino trazido por Jesus!
Para ser o lugar, o espaço e a comunidade onde a humanidade possa encontrar Deus, a Igreja católica se utiliza de alguns sinais visíveis e fundamentais para que Deus seja revelado. Vou comentar dois sinais privilegiados da revelação de Deus ao mundo. A liturgia e a caridade.
As duas são importantes e de valor. Existem momentos que a liturgia, com as celebrações dos sacramentos e a proclamação da Palavra são fundamentais. Por ela, as pessoas vão crescendo no conhecimento de Jesus Cristo. A liturgia se torna catequese e forma de atingir o coração das pessoas numa proximidade amorosa para com Deus e o seu Reino. Diante disso, não podemos nunca deixar que nossas liturgias sejam vazias e superficiais, desencarnadas da realidade de nosso povo.
Uma segunda, de igual importância, forma de revelação de Deus é a caridade. Jesus nos ensinou em Mateus 25, que estaria presente nos sofredores, nos famintos, sedentos, nos desabrigados, nos enfermos e nos presidiários. Nestes e em outros irmãos que sofrem, Jesus está se revelando e presente. Portanto, ao servir estes irmãos a Igreja também revela Deus à humanidade. E nos torna testemunhas de Cristo entre as pessoas.
Missão é sempre sair, é saber-se e sentir-se enviado por Deus. O Papa Francisco dizia em novembro de 2013 “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”. Por isso, evangelizar é sempre correr riscos. Os primeiros apóstolos tiveram que entregar a vida para anunciar o evangelho.
Jesus nos ensinou que o que vai nos salvar no final de nossa vida é a caridade. São Paulo diz em Cor. 13, que no final, só nos restará a caridade. A liturgia, os sacramentos, a catequese e a Palavra de Deus, nos fortalecerão para vivermos melhor a caridade que hoje tem o nome de solidariedade e que, pelo que me parecer, é a melhor forma de evangelizar.
Saindo de nós mesmos e de nossas pequenas seguranças, indo ao encontro do irmão que sofre, cumpriremos o mandato de Jesus que nos deu o exemplo ao doar sua vida e que ressuscitado não nos deixou sozinhos. Nos enviou o defensor (paráclito) e disse que estaria conosco todos os dias até o fim do mundo (Mt, 28, 20). “Com a força do Espírito, sejamos testemunhas de Cristo”.

Dom Manoel Ferreira dos Santos Junior, MSC
Bispo Diocesano de Registro