A Igreja no pós pandemia
Compreendendo os desafios que se apresentam para o mundo, evidenciados pela pandemia do coronavírus, o Papa Francisco lançará em outubro uma nova encíclica, que será um novo chamado às nações pela “fraternidade e a cura do mundo”. O Papa Francisco tem consciência de que a pandemia trouxe consequências sem precedentes para o mundo. “A pandemia mudará a ordem mundial, e a Igreja precisa fazer com que seja para melhor”, afirmou o Pontífice recentemente.
Francisco, agora enclausurado pela pandemia, tem aludido às transformações via transmissões on-line da Audiência Geral, em um ciclo de catequeses intitulado “Curar o mundo”.
Na catequese de 12 de agosto, o Papa reforçou que tudo está interligado e interconectado, assim como todos são vulneráveis. Por essa perspectiva que alude à harmonia social, Francisco retoma a crítica que já dizia no início do pontificado sobre a globalização da indiferença. “Indiferente: eu olho para o outro lado. Individualistas: olhar apenas para o seu próprio interesse. A harmonia criada por Deus nos pede para olhar os outros, as necessidades dos outros, os problemas dos outros, para estarmos em comunhão”, afirmou.
Já na quarta-feira, 19 de agosto, o Pontífice refletindo sobre as graves consequências do COVID-19, voltou seu olhar para os mais pobres, considerando que “a pandemia acentuou a situação dos pobres e a grande desigualdade que reina no mundo. E o vírus, sem excluir ninguém, encontrou grandes desigualdades e discriminações no seu caminho devastador. E aumentou-as”. E alertou: “a pandemia é uma crise e de uma crise não se sai iguais: ou saímos melhores ou saímos piores. Nós deveríamos sair melhores, para melhorar as injustiças sociais e a degradação ambiental. Hoje temos uma oportunidade de construir algo diferente. Por exemplo, podemos fazer crescer uma economia de desenvolvimento integral dos pobres e não de assistencialismo”.
Nessa mesma esteira, na audiência realizada no último 26 de agosto, Francisco reforçou suas críticas ao capitalismo e o comparou a uma pandemia. “A economia está doente. Ela ficou doente. É o fruto de um crescimento econômico injusto – essa é a doença: o fruto de um crescimento econômico injusto – que ignora os valores humanos fundamentais. No mundo de hoje, poucos riquíssimos possuem mais do que o resto da humanidade”, afirmou. Ao final, convocou a comunidade cristã a assumir um compromisso com a justiça social: “lembrem-se: não se pode sair de uma crise iguais, saímos melhores ou saímos piores. Essa é nossa opção. Depois da crise, continuaremos com esse sistema econômico de injustiça social e desprezo pelo cuidado com o meio ambiente, com a criação, com a casa comum?”.
Todas essas afirmações e reflexões do Papa Francisco nos questionam enquanto cristãos, enquanto Igreja: em nossa Diocese, como será o pós Covid-19? Como nos pede o Papa, devemos sair melhores da crise. O que e como fazer para sairmos melhores?
Esse apelo pode motivar nossa Assembleia Diocesana. Devemos ter clareza da nossa realidade para assumirmos uma proposta de caminhada pastoral que atenda às necessidades do nosso povo e provoque em nós uma mudança para a melhor. Devemos curar o mundo ao nosso redor, fazendo crescer uma “economia de desenvolvimento integral dos pobres e não de assistencialismo”, reafirmando o compromisso cristão presente no Livro dos Atos dos Apóstolos: que na vida comunitária “não houvesse nenhum necessitado” (4,34).
Que nossa ação evangelizadora, pós-pandemia possa nos conduzir à uma ação transformadora da realidade. Assumamos com grande empenho a nossa fé, com um olhar especial voltado às pastorais sociais.
Deus nos abençoe em nossa missão!
Por: Pe. Jorge Corsini