CF Ecumênica 2021
Por: Pe. Luis Rodrigues Batista, C.Ss.R.
Fraternidade e diálogo: compromisso de amor.
“Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”. (Ef 2,14a)
Eis o conteúdo e a metodologia para a nossa reflexão durante a Quaresma de 2021. Na próxima semana, na quarta-feira de cinzas, teremos um compromisso a ser assumido como cristão em vista da preparação da Páscoa do Senhor. Serão quarenta dias para caminhar no deserto da nossa existência com o propósito de busca de vida nova, mudança de mentalidade e corações transformados, para celebrar Cristo nossa Paz. Essa caminhada parte de uma experiência valiosa de missão evangelizadora no Brasil, animada pela CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – através da Campanha da Fraternidade, durante a Quaresma, que tem uma longa história com gestos e compromissos concretos. Um desses frutos eficazes foi a possibilidade da realização da Campanha da Fraternidade com caráter ecumênico, e já foram realizadas algumas edições, desde o ano 2000, assumidas pelo CONIC – Conselho Nacional das Igrejas Cristãs.
Toda campanha nasce de uma necessidade concreta, de uma carência e dificuldade real a ser suplantada na sociedade com o apoio coletivo. A Campanha da Fraternidade é um sinal para as Igrejas Cristãs e pessoas de boa vontade, é um compromisso diante da situação vivida pelo povo, sobretudo os mais pobres. Toda campanha torna-se esperança e conta com a solidariedade e empatia de muitos. Essa não poderá ser diferente. A oração de Jesus ao Pai em favor dos discípulos, no Evangelho de João, é para que todos sejam um. Nisto darão a conhecer que são meus discípulos, e darão testemunho, isto é, poderão evangelizar em meu nome. Na prática, assumirão compromisso com a paz, que é uma urgência numa sociedade carcomida pela violência, como o Brasil de hoje, onde há gente com fome, sem trabalho, sem terra, sem teto. A desigualdade humana e a injustiça são os principais males causados pelo egoísmo que afrontam a vida de irmãos e irmãs. O processo de conversão tem de ser palpável diante das necessidades das pessoas, senão torna-se apenas hipocrisia.
As comunidades cristãs são chamadas à conversão permanente, a renovar a cada dia a opção pelo Evangelho, a promover de modo incansável a cultura da paz. São desafiadas a denunciar as injustiças de ordens econômicas, sociais e ambientais. O caminho do diálogo aponta para juntos construirmos alternativas. Significa dizer que sozinhos não encontramos a saída, precisamos dos outros, com atitudes de solidariedade e abertura de coração e de mente.
Cristo é a nossa paz e nos anima a prosseguir no caminho da acolhida. Cristo é sinal de unidade. Eu e o Pai somos um. Procuremos nos ater àquilo que nos une, principalmente em favor da vida e da prática do bem. Deixemos de lado as fragilidades e imperfeições. O Senhor é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar.