Francisco Rocha é ordenado diácono na Catedral
Por: Rubens da Cruz
Na tarde do sábado, 06, Dom Manoel Ferreira dos Santos Júnior, MSC, Bispo Diocesano de Registro, presidiu Celebração Eucarística com Rito de Ordenação Diaconal na Catedral São Francisco Xavier. Foi ordenado o seminarista Francisco da Rocha Neto, que posteriormente será ordenado presbítero. Concelebraram Dom José Luiz Bertanha, SVD, Bispo Emérito de Registro e sacerdotes da Diocese de Registro e da Arquidiocese de São Paulo. Participaram da missa leigos de diversas paróquias da Diocese, especialmente das cidades de Itariri, Iporanga e Registro. Inicialmente, a previsão era de que a Ordenação Diaconal ocorreria na cidade de Iporanga, todavia, isso não foi possível, tendo em vista as exigências do município em relação à prevenção do COVID-19. Caso a ordenação acontecesse na Paróquia Sant’Ana, a participação seria restrita aos sacerdotes e seminaristas. Com a transferência da celebração para a Catedral São Francisco Xavier, na cidade de Registro, possibilitou-se a maior participação dos fiéis, dentre estes os familiares do novo diácono, que vieram da cidade de Governador Valadares (MG) e de amigos da cidade de São Paulo (SP).
Diácono para sempre
Ao iniciar a homilia, Dom Manoel recordou que o diaconado é, antes de tudo, um ministério. “A palavra ministério vem de “mini” “estar” ou “estar menor”. Às vezes pensamos que a pessoa será ordenada para ficar maior, grande no meio do povo. Pelo contrário, recebe o ministério para estar menor, para poder servir. Por isso, o sacramento da ordem, em seu primeiro grau, começa pelo diaconado. Antes de ser padre e se um dia for Bispo, é preciso saber ser diácono”, enfatizou. O Bispo reforçou que o sacramento da Ordem, em seus três graus, imprime naqueles que o recebem, um caráter indelével e “por isso, uma vez diácono, diácono para sempre. Você será possibilitado, autorizado pela Igreja, para servir intensamente o povo de Deus. Assim, os padres, nós Bispos assumimos também essa missão de ser sempre diáconos, para poder, como Jesus, lavar os pés dos irmãos e servir o povo de Deus”.
Serviço à casa de Deus
Refletindo, ainda, sobre a missão do diácono na Igreja, Dom Manoel recordou que a oração é um dos “principais compromissos” assumidos pelo diácono, como grande “servidor da casa de Deus”. “Daqui a pouco, vamos perguntar e propor a você que assuma um intenso projeto de oração, entre essas orações, a Liturgia das Horas, segundo suas possibilidades”, comentou Dom Manoel a respeito das promessas contidas no ritual de ordenação diaconal. E continuou: “a Liturgia das Horas é a oração da Igreja, que devemos rezar todos os dias, rezar pelo povo de Deus, rezar com o povo de Deus, rezar para o povo de Deus. Nós, pela Liturgia das Horas, assumimos essa identificação de estar sempre em oração, sempre muito próximos ao povo. Leve a sério a Liturgia das Horas, leve a sério sua oração”, pediu. Comentando o trecho bíblico escolhido para a primeira leitura da Missa (Nm 3,5-9), o prelado enfatizou que “o diácono é para servir a casa de Deus e esta casa é de fato a Igreja e, também, cada pessoa que carrega dentro de si o próprio Deus, que mora, que habita em nós”, e continuando, reforçou “sirva a casa onde Deus mora e, você, Francisco, pela sua espiritualidade mística, deve encontrar em cada irmão, em cada comunidade que visitar, nas 415 comunidades de nossa Diocese, você saberá que ali está a casa de Deus”.
Guardião do serviço da Igreja
A partir do Evangelho, Dom Manoel enfatizou que a principal missão de Jesus era o serviço a Deus e aos irmãos, de tal forma que “aqui está o significado da palavra diácono: aquele que serve”. E pediu: “se coloque a serviço dos irmãos! É preciso ter uma mística do serviço. O serviço, quando não é feito com amor, ele desgasta a gente, cansa, desanima. Quando o serviço é feito com mística, com espiritualidade, com amor, nos enriquece, nos ajuda a sermos mais santos. ‘O diácono é o guardião do serviço da Igreja’, nos recorda o Papa Francisco”.
Anunciador da Palavra
Durante o rito de ordenação, o novo diácono recebeu o livro dos Evangelhos, assumindo o compromisso de anunciar a Palavra de Deus. Nesse sentido, ainda durante a homilia, Dom Manoel recordou ao diácono Francisco, sua missão de “ser proclamador da Palavra”. Desta maneira, o Bispo exortou: “Francisco, nunca leia o Evangelho para os outros, sem antes lê-lo para si. Não faça sermão para os outros, sem antes fazê-lo para si ou, quando fizer homilia aos outros, faça também para si. Nunca fale do Evangelho, sem que antes o tenha meditado, refletido. Nunca fale de Cristo para os outros, sem antes saber o que Cristo fala para você!”. Sobre a riqueza do Anúncio do Evangelho, recordou que este será mais fecundo quando partir da experiência de vida do diácono: “não é tanto a beleza do que falamos que transforma a vida das pessoas, mas o próprio Deus vai transformando, quando nós, como pregadores, deixamos que Deus vá nos transformando”, disse.
Igreja em saída
Lembrando a expressão “Igreja em saída”, constantemente utilizada pelo Papa Francisco, Dom Manoel comentou a missão do novo diácono de Registro: “pensamos em colocá-lo, numa região de missão da Paróquia São José Operário, onde o padre, muitas vezes, não consegue chegar. Que lá você seja missionário, visite as famílias e anime as pessoas a viverem a missão e a vocação”. E continuou: “que lá você lembre esse pedido do Papa Francisco ‘Igreja hospital de campanha’: quanta gente sofrida, com o coração quebrantado e nós, como Igreja, devemos ser esse hospital de campanha, sobretudo nesse tempo de COVID-19, onde as pessoas vivem com medo. Nós também o temos, porém, recebemos de Deus a força para enfrentá-lo”. O Bispo ainda citou uma terceira expressão do Papa Francisco, extraída da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “‘eu prefiro uma Igreja enlameada, do que uma Igreja mofada na sacristia, é preciso sujar os pés, é preciso caminhar no meio do povo, é preciso gastar o sapato’. As pessoas precisam ver os padres andando no meio do povo, presentes no meio do povo, não escolhendo aqui ou ali para ficar, mas presentes na vida das pessoas. Assim, as pessoas vão reconhecer, também a presença de Deus no meio da comunidade”.
Mística e Serviço
Resumindo a vida do diácono, o Bispo concluiu sua homilia apresentando duas palavras chaves: mística e serviço. Segundo ele, o diácono deve ser “um homem do serviço e da mística, cultivar a espiritualidade, a mística. Serviço aos pobres de todos os tipos, doentes, sofridos”. Reforçou que o diaconado “é um serviço espiritual, mas também físico, material”. “Quem sabe nesse tempo, na Paróquia São José Operário, você poderá fazer essa experiência de levar cestas básicas às famílias que estão precisando, de distribuir alimento onde estão precisando, serviço aos pobres. O serviço à Palavra, Palavra que liberta, que anima e fortalece a fé do nosso povo. Pobres, Palavra e Altar: três palavras envolvidas com o serviço e a mística. Altar que aproxima as pessoas e você de Deus. Serviço e mística aos pobres, Palavra e altar”, concluiu o Bispo.
Gratidão
Ao final da celebração, de forma muito breve, o diácono Francisco dirigiu algumas palavras de agradecimento aos fiéis presentes e também àqueles que acompanharam a celebração através da Rede Diocesana de Comunicação. Recordando as palavras do Papa São Paulo VI, no Motu Proprio Ad Pascendum, “o Diácono é definido como o ouvido, a boca, o coração e a alma do Bispo. O Diácono, diz-se, está à disposição do Bispo, para servir a todo o Povo de Deus e assumir o cuidado dos doentes e dos pobres...”, o neo-diácono desejou “Deus me permita e me capacite com a sua graça para conseguir traduzir o Teu querer e da Igreja em minha vida”. E concluiu pedindo “a oração de todos que aqui estão, sejam presentes fisicamente seja de forma virtual. Rezem por mim, porque eu sempre rezarei por todos vós!”.
Quem é o Diácono Francisco?
Francisco Rodrigues da Rocha Neto, 34, é natural da cidade de Governador Valadares, no noroeste de Minas. Filho de Maria de Roma Rodrigues Freitas e de João Leocádio de Freitas, recebeu os Sacramentos de Iniciação Cristã na Paróquia Sagrada Família, na Diocese de Governador Valadares. É licenciado em Filosofia pelo Centro Universitário Assunção (UNIFAI) e bacharel em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Foi acolhido na Diocese de Registro em agosto de 2019, tendo realizado experiência pastoral na Paróquia Nossa Senhora de Monte Serrat e São Benedito, em Itariri, e na Paróquia Sant’Ana, em Iporanga e, também, ministrando aulas no Curso de Teologia para Leigos da Diocese. No início deste ano foi nomeado assessor diocesano para o Setor Juventude Diocesano e designado para exercer o ministério diaconal na Paróquia São José Operário, em Registro.