O Tempo Pascal
Meu irmão e minha irmã, a Igreja nos oferece a cada tempo, muitas graças advindas da Palavra de Deus. A liturgia tem como mistério celebrado a vida de Jesus, o Cristo. Porém, nem sempre conseguimos viver este mistério pela sua grandeza e beleza. Diante disso, para que saboreemos melhor os mistérios de Cristo, a liturgia da Igreja nos oferece tempos litúrgicos: Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e Tempo Comum. Em cada tempo, olhamos o mistério de Cristo como um todo, mas, com alguns enfoques mais profundos, no tempo em que estamos celebrando.
Depois da Páscoa, viveremos o Tempo Pascal. São cinquenta dias até Pentecostes. A Liturgia da Palavra do Tempo Pascal é riquíssima. As leituras nos apresentam os Atos do Apóstolos, como uma leitura teológica da história do começo do cristianismo. Nelas podemos ver os altos e baixos da Igreja nascente, o dom do Espírito, o primeiro anúncio do Evangelho, o florescimento das primeiras comunidades, a abundância das conversões, a tomada de consciência da autonomia do judaísmo, a narração dos acontecimentos felizes e tristes dos primeiros fiéis e anunciadores do Ressuscitado. A Ressurreição de Cristo narrada como liberdade para quem se converte.
No Tempo Pascal seremos iluminados pelo evangelho de João (Evangelho mais Pascal), pelos Atos dos Apóstolos (descreve a continuação, na Igreja, da ação do Ressuscitado mediante o seu Espírito); pelo Apocalipse, e pela Primeira Carta de Pedro e também a Primeira Carta de João (textos escatológicos, que trazem experiência e esperança da vida cristã).
Teremos oito domingos pascais e em cada um deles, a Palavra de Deus na liturgia, nos oferece um tema e uma reflexão.
I Domingo: experiência de Pedro no sepulcro vazio e a fé que nasce da Ressurreição do Cristo;
II Domingo: aparição de Jesus Ressuscitado no cenáculo aos discípulos na tarde de Páscoa, estando Tomé ausente, e depois, oito dias após com Tomé, que pronuncia a sua profissão de fé em Jesus ressuscitado;
III Domingo: refeições do Ressuscitado no caminho de Emaús (Lc 24)
IV Domingo: figura de Jesus Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Lê-se um trecho o capítulo 10 de São João, que está distribuído pelos três anos;
V Domingo: textos do discurso de adeus da Ceia do Senhor, acentuando-se que devemos permanecer em Cristo que é “Caminho, Verdade e Vida” e em comunhão (comunhão trinitária que se reflete na comunhão dos cristãos) e eclesiológica: a comunhão trinitária reflete-se na comunhão eclesial dos crentes;
VI Domingo: continuam os textos da despedida de Jesus, acentuando-se a presença do Espírito Santo, o “outro Consolador”, é Aquele que permite à comunidade eclesial e ao crente caminhar nas sendas do amor, é Aquele que faz lembrar e captar em plenitude o ensinamento de Jesus;
Ascenção: Envio dos Discípulos para a missão;
Pentecostes: Jesus sopra o Espírito sobre os Apóstolos reunidos no cenáculo.
Este tempo nos assegura três ensinamentos:
- Cristo Ressuscitou e venceu a morte. Nenhum mal poderá ser mais forte do que a ação de Deus, que é sempre maior;
- Se Cristo Ressuscitou, nós também iremos ressuscitar;
- O Ressuscitado está vivo entre nós. Está em nosso meio como tinha prometido: “eis que estarei convosco todos os dias, e onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome eu estarei entre vocês”.
Que este tempo nos encha de esperança e alegria. Viva bem a pascoa do Senhor!
Dom Manoel Ferreira dos Santos Junior, MSC
Bispo Diocesano de Registro